quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

CHUVA DE DESENCANTO

CAPÍTULO UM – VAI CHOVER...

Fada das Águas! Vamos embora para a nossa casa,
está vindo uma imensa nuvem negra tomar conta do céu
e quando tomo qualquer chuvinha vem a gripe e me arrasa,
fazendo com que a minha saúde viva num verdadeiro escarcéu.

Tá bom! Tá bom! Vamos sim, minha querida amiga! Fada melada,
estou achando essa nuvem negra muito, mas muito esquisita!
O céu estava limpo, todo azul, com nuvens brancas e de repente surge do nada
uma gigantesca nuvem negra, se assenhora do firmamento e soberana nela transita.

Outra coisa bastante estranha em relação àquela grande nuvem negra
é que ela já surgiu assim, imensa, ocupando o céu do Portal por inteiro,
não seguindo em hipótese alguma por nós a tal conhecida regra

De surgir pequenina e depois juntar as companheiras na abóbada celeste
E aí sim preparando os seres vivos para receberem o aguaceiro
Todas as vezes que acontece no céu um fenômeno tão natural como este.

CAPÍTULO DOIS – UMA CHUVA DIFERENTE

Da nuvem negra desciam, pasmem, negros corações inteiraços,
Depois que eles saíam da nuvem relampejavam muito forte.
O relâmpago partia bem no meio o coração em dois pedaços
Como se fosse um açougueiro usando uma boa faca de corte.

Após cada relâmpago é que vinha da nuvem um trovão,
De novo sendo bem diferente da chuva convencional.
Os corações negros, partidos no meio, ao tocarem os seres vivos então
Faziam com que os mesmos trancafiassem o lado bom e libertassem o mau.

Ninguém do Portal sabia dessa consequência da chuva danosa,
Apenas que estavam diante de um acontecimento surreal
E por isto mesmo cada fadinha saía de sua casa muito curiosa.

O trovão não era um som estrondoso e forte e sim parecia um grito de dor
Saltado por alguém que tivera em seu peito cravado um afiado punhal,
Apavorando quem o ouvia, seja lá ele quem for.

CAPÍTULO TRÊS – AS CONSEQUÊNCIAS DA CHUVA

A Fada Arco-Íris teve as suas sete cores restritas à só uma: cinza.
A Fada Menina de sapeca e contente tornou-se infeliz e ranzinza.
A Fada Sol consubstanciou com a Fada Jady Luapompom virando eclipse lunar.
A Fada Azul tornou-se preta para que nenhuma energia positiva pudesse sair ou entrar.

A Fada Mão de Sol transformou-se em um dedinho de breu.
A fada Dourada virou Fada de Alumínio e se enferrujou.
A Fada Vermelha cujo significado da cor é a paixão que em nosso peito encerra
Continua com a sua cor vermelha, porém para representar o ódio e a guerra.


A Fada Dama Verde rapidamente ficou tão madura que apodreceu.
A Fada Rosa, coitadinha, perdeu a sua cor e com isto empalideceu.
A Fada Melada perdeu todo o seu doce, ficando com o sabor de puro fel.

A Fada das Águas virou vapor e pela nuvem negra acabou sendo absorvida
A Fada Primavera agora é outono para toda sua vida.
A Fada das Flores agora com as flores murchas não pode ser apetecida.

CAPÍTULO QUATRO – CONTINUAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS...

A fada Cristal tornou-se um mero plástico transparente.
A Fada dos Sonhos virou um súcubo e agora assusta muita gente.
A Fada Ruiva perdeu todo o seu cabelo, passando a ter uma careca reluzente.
A Dona Carochinha transformou-se numa rebelde “aborrecente”.

A Fada Sonson não emite mais nenhum som e sem falar, que agonia!
Ficou ruim o nosso querido e feliz Portal dos Sonhos e Magia.
Agora é uma abertura de tudo que é medonho e cruel em nosso dia-a-dia.
Toda essa negativa inversão era a colossal nuvem negra que produzia.

Todos que eram tocados pelos corações negros e partidos
que desciam da nuvem negra ao chegarem aos alvos pretendidos,
perdiam todos os encantamentos que eles tinham adquiridos.

O ambiente ruim trazia mais negatividade a todos os moradores,
o clima agora ali podia ser resumido a todos os sentimentos de horrores
que todos traziam consigo. Eles só tinham direito de sentir dissabores.

CAPÍTULO CINCO – AINDA AS CONSEQUÊNCIAS...

A fada Cigana de Amor se transformou numa patricinha do tédio.
Até o Grilo Falante tentou evitar os corações negros, mas não teve jeito e nem remédio;
só que ele ficou tão deprimido que perdeu  o conquistado assédio
de todos do Portal. No auge da depressão sentia uma vontade enorme de pular de um prédio.

As coisas lá para o lado do Portal estavam tão esquisitas
que ninguém foi para receber as duas novas visitas
que acabaram de chegar. Cadê as coisas bonitas
que estavam nas últimas vezes que passamos aqui? E as fadas benditas?

De onde veio a nuvem que chove corações negros e estes gritos para serem partidos?
Por que as coisas aqui no Portal estão fúnebres parecendo não fazerem sentidos?
Por que será que até agora por ninguém fomos educadamente recebidos?

Perguntas e mais perguntas, hein Gênio! O pior e o mais impressionante:
até agora uma viv’alma  sequer nos informou onde mora a Lagarta que agora é Grilo Falante;
se estamos perto do tal inseto ou então quem  sabe dele bem distante?

CAPÍTULO SEIS – A CORDIALIDADE DA TARTARUGA

Humano! Oh, Humano! Não posso sair da minha casa, pois se estes corações tocarem em mim
Ai! AI! AI! Não quero nem pensar! Acabarei  virando em alguma coisa bastante ruim
Como aconteceram a todos os seres vivos que habitam esse ex-alegre lugar.
vocês dois...  Abdala e o ex-Gênio Vingativo. Encolhem-se. Tenho muita coisa para lhes contar.

O Gênio acata o pedido da tartaruga. Os dois agora dentro do casco estão.
Gênio! Abdala! Faz dias que não sei o que é uma boa alimentação.
Estou enclausurado na minha própria casa. Ela é que me protege desses malditos corações.
Podem se livrar do escudo energético. Aqui vocês não são alvos da nuvem negra. Indagações?

Dona tartaruga, antes de entrarmos, avistamos a nuvem e os corações negros descendo
Simultaneamente gritos de dores nossos ouvidos foram recebendo,
Com isto nossos sentidos de proteção viram que algo de muito estranho estava acontecendo
Assim que pisamos neste lugar, o Gênio criou uma redoma que até agora vem nos protegendo.

Num estalar de dedos o Gênio deu a tartaruga toda comida que ela precisava
Para acabar com a fome que sem piedade nenhuma lhe atacava.
Além de uma boa quantidade de água fresca que a tartaruga necessitava.

Enquanto saciava os seus desejos vitais, a tartaruga ia contando tudo em pormenores.
Abdala e o Gênio ouviam tudo atentamente com caras de horrores.
Todos os presentes achavam que o Portal vive hoje os seus momentos piores.

CAPÍTULO SETE - NOVAMENTE O GRILO FALANTE E O GÊNIO

Num estalar de dedos os três personagens foram transportados à casa do Grilo Falante
que ao ver o Gênio Vingativo  não teve reação nenhuma, de tão deprimido.
Apenas diz: acabe comigo e satisfaça todo o seu ódio por mim reprimido,
aí siga sua mesquinha feliz vida por ter conseguido algo que para você era tão importante.

Calmo Grilo! Esse Gênio que você conheceu não existe mais. Vim aqui para lhe agradecer
Por tudo de bom que você fez por mim. Deu-me a liberdade e o livre arbítrio para ser feliz;
No entanto nada mais justo do que o seu direito eu possa lhe devolver
De realizar os seus três desejos, Vamos a eles. Qual será o primeiro? Você sabe? Diz!

Tá bom! Vou fingir que credito! Diz o Grilo Falante ainda descrente:
O meu primeiro desejo é que você acabe de vez com esta minha terrível depressão.
Um novo estalar de dedos e a depressão do Grilo some num passe de mágica literalmente.

O Gênio não estava blefando! O Grilo Falante fica feliz completamente.
Posso , Gênio, fazer agora o meu segundo desejo então?!
Que esta horrível nuvem, esses corações malditos e histéricos gritos sumam imediatamente!

CAPÍTULO OITO – UM DESEJO DE BRINDE

Ao som de estalar de dedos o céu volta a ficar azul e as nuvens brancas como algodão.
Terceiro desejo é que todos do Portal voltem a ser o que era antes da maldita nuvem aparecer.
Ao fechar a boca, O Grilo sente uma infinita alegria apossar de todo o seu pequenino coração
os seres vivos do Portal estavam iguais ao Grilo, tão feliz que não sabiam o que dizer.

O Portal dos Sonhos e Magia voltara a ficar novamente lindo,
as cores se destacando na natureza, as águas cristalinas correndo no rio,
a bicharada e as fadas, todos, majestosamente sorrindo.
Como é gostoso ver o Portal livre de todo aquele diabólico mal e sombrio.

Gênio, realmente não sei como lhe agradecer o inesquecível bem que você hoje nos fez.
Que isto Grilo! “Chumbo trocado não dói”! A sala se torna uma risaiada só.
O Gênio agora se sente aliviado com sua consciência tranqüila por toda de uma vez.

Estou me sentindo tão bem que vou quebrar o protocolo e lhe conceder mais um pedido.
Não precisa, obrigado. Estou bastante satisfeito. Fui  nos desejos muito bem atendido.Oh,
não faça cerimônia! Sinto que você tem um desejo que é de descobrir quem é o culpado.

CAPÍTULO NOVE – O CULPADO DE TODOS OS MALES

Todos ficam estarrecidos ao descobrir quem pelo todo mal causado é responsável.
Não acredito! Quem construiu a negra nuvem foi você, grande mago Merlin?!
Totalmente sem graça, o mago assume que fora o causador de toda aquela desgraça sim.
Apesar de ser um erro primário, vou justificar o que a princípio parece injustificável.

Estava fazendo uma nova porção do amor, uma vez que a minha estava acabando...
Para nós, grandes magos, isso é corriqueiro fazer, algo assim bem banal.
Sem óculos, deixei-o na cômoda do meu quarto, pedi ao meu aprendiz os ingredientes afinal,
Só que os ingredientes estavam com os prazos de validade vencidos. Eu não sabia quando

Misturei os ingredientes exigidos pela fórmula e estes provocaram uma grande explosão
que veio formar aquela nuvem negra de grande dimensão.
Como ventava muito naquele momento, os ventos a trouxeram para este lugar.

Insisto! Juro que não sabia que os ingredientes estavam vencidos, senão não os teria colocado.
Além de bastante experiente, sou um mago altamente conceituado
e não deixaria o meu respeitado nome no lixo ir parar.

CAPÍTULO DEZ – PEDIDO DE DESCULPAS

Estou aqui neste momento pedindo a todos os seres vivos do portal, desculpa.
Os transtornos por mim causados pela nuvem negra não foi intencional.
O erro foi do meu aprendiz, mas o erro faz parte da aprendizagem, portanto a culpa
Deve ser totalmente credenciado a mim. Confiei no meu aprendiz... falhei como profissional.

Se não tivesse dado cartaz ao comodismo, pegado os meus óculos e lido o prazo de validade,
Com certeza não usaria aqueles ingredientes com o prazo de validade expirado;
Usaria os ingredientes novos, lógico, portanto não aconteceria tal calamidade.
Chamo a responsabilidade. O material é meu. Se perdeu validade deveria por mim ser trocado.

Olha, não há nada que fazer aqui, o Gênio já fez o maravilhosamente meu serviço.
Só me resta agradecer ao Gênio pelo seu gesto solidário e ter resolvido isso.
Como pedido de desculpas, deixo pequeninos e coloridos unicórnios às fadas.

Esses animaizinhos são mágicos e serão delas como novos bichinhos de estimação.
Se precisarem de mim, podem me chamar, pois estarei de vocês sempre a disposição.
Vou-me embora. Não cometerei o mesmo erro. Deixarei minhas coisas mágicas organizadas.
(O FILHO DA POETISA)

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