CAPÍTULO UM – O INFERNO
Aaattchiimm! Pra quem espirrou, saúde! Muito obrigado!
Gente do céu! Depois do espirro bateu um cheiro forte de queimado...
Nossa, que horror! Tudo aqui no meu terreiro está tostado!
O negócio aconteceu agora! Está tão quente aqui que me sinto abrasado!
Parece que o meu terreiro virou de uma hora pra outra um inferno,
Sem capetas e aquele cheiro insuportável de enxofre eterno.
Sabe o que parece? Parece que o sol desceu para expulsar de vez o inverno.
Vendo tudo isso eu fico muito estarrecido e com esta situação me consterno.
Entrei em casa correndo e fui direto desesperado para o banheiro
visando derramar uma enxurrada de água fria em meu corpo inteiro
depois abri a geladeira, tomei água gelada e chupei o gelo bem ligeiro.
Abri a torneira por completo, enchi o balde e água no terreiro e a joguei
depois de horas e mais horas o meu terreiro todo com a água alaguei
e só assim, com muito custo,o imenso calor do meu lote, tirei.
CAPÍTULO DOIS – “SHERLOCK” GRILO FALANTE
Quem será o responsável, o causador por esse incêndio monstruoso?
Olhando minuciosamente percebe-se que o fogo surgiu por igual, o que é “cabuloso”.
Era para o fogo ter surgido num determinado local e dali ser espalhado, o curioso
é que o fogo surgiu de repente, tomando conta de tudo. Isso é muito misterioso...
Por Thot! Que coisa estranha! Próximo, não muito distante
Da minha casa o que vejo como pista? Marca de pata gigante;
Patas que, se eu não estiver enganado, é de um enorme lagarto. Interessante!
Lagarto descomunal é dragão ou animal pré-histórico. Não pode ser! É muito alucinante!
Animais pré-históricos são da época da origem do mundo. Dragão é da Era medieval.
O que esses ou um desses animais estariam fazendo aqui no mágico Portal?
Animais pré-históricos não foram extintos por um enorme meteoro que caiu na Terra afinal?
Vamos, Grilo Falante, pense! Se tenho como pista lagarto gigante e fogo, só há uma conclusão:
O único bicho enorme parecendo um lagarto e solta fogo que conheço é um dragão;
Já que ouvi espirro antes do fogaréu é lógico deduzir que esta criatura está com constipação.
CAPÍTULO TRÊS – DO IMAGINÁRIO À REALIDADE
Poderosos deuses! Será que não estou ficando amalucado? Não, não pode ser!
O meu terreiro foi vitimado pelo fogo! Está lá para quem quiser com os próprios olhos ver!
Então não estou doido de jeito nenhum, por mais incrível que possa parecer!
Há um dragão aqui no Portal. Tenho que encontrá-lo, evitar que algo terrível venha acontecer.
Quem poderia me ajudar?... O dragão é enorme e eu sou tão pequenino
que sozinho não conseguirei livrar o portal desse cruel e bizarro destino.
Como destruir tal monstro? Não tenho a menor ideia! Nem imagino!
Só sei que estamos correndo um grande perigo. “Curuz” que desatino!
O pior é que se contar pra qualquer um, na minha cara eles vão ri;
com certeza vão perguntar que se algum dragão eu realmente vi
e a zombaria aumentará quando disser que apenas deduzi.
Primeiramente terei que muita calma e muita paciência
para provar a todos dessa besta-fera a sua real existência
e mostrar que o dragão existe, não é fruto da minha demência.
CAPÍTULO QUATRO – NO CALCANHAR DO DRAGÃO
Sendo eu um dragão de tamanho descomunal, aonde iria me ficar?
Floresta ou caverna? Um animal grande assim não será difícil de encontrar.
Se ele for para a floresta ficará mais fácil, dependendo do local, de se camuflar;
por outro lado, mais exposto ao perigo e mais fácil será de capturar...
Ficando numa caverna, o dragão ficará bem mais protegido
principalmente se esta caverna estiver bem alto, lugar difícil de ser atingido,
assim poderá se sentir bem tranqüilo e tendo realmente garantido
a sua total segurança... Preferirá caverna se este bicho for sabido.
Situado bem ao norte da floresta do Portal dos sonhos e da magia
existe uma caverna que servem para os morcegos de moradia
e para expulsá-los de lá, isto para o dragão quase nada custaria.
Vou chamar a Fada Vermelha para me ajudar nesta incrível missão,
por ser minha amiga, me acompanhará ,mesmo não acreditando em dragão,
pois ela tem como teoria de vida de nunca deixar um amigo na mão.
CAPÍTULO CINCO - NA CAVERNA DO DRAGÃO
Faltando quinhentos metros para chegar à caverna, uma grande bola de fogo veio em direção
deles, oriunda de um novo e escandaloso espirro do tal não saudável dragão,
que, como suspeitara o Grilo Falante, estava com uma baita constipação.
Ele adquirira a gripe ao retornar da Lua à Terra, fugindo de uma eterna perseguição.
A Fada Vermelha transformou a imensa bola de fogo numa deliciosa maçã de amor
que deixará para usá-la quando o momento bastante oportuno for...
Graças à magia da Fada Vermelha, o Grilo não está sentindo aquele horrível calor
que o vitimara o primeiro espirro do dragão, quase lhe causando um estupor.
Grilo Falante e Fada Vermelha, não se assustem comigo, podem entrar...
Desculpe-me pelas terríveis labaredas, é que não as consigo controlar
porque estou muito gripado e os meus espirros não querem cessar.
Como você, dragão, sabia os nossos e aguardava desde já a nossa chegada,
Se eu tomei a decisão de vir aqui sem dizer pra ninguém nada
A não ser a Fada Vermelha que foi por mim na última hora convocada?
CAPÍTULO SEIS – CONHECENDO O DRAGÃO
Grilo Falante, sei que você é muito inteligente... este é o seu jeito...
mas temos que quebrar aqui um forte e horrendo preconceito
que o mundo ocidental impôs sobre nós, dragão. Segundo ele o nosso grave defeito
é de estarmos sempre a serviço do mal, idéia esta, por ser mentira, realmente não aceito.
Ouça a verdadeira verdade e guarde para si como uma legítima sabedoria.
O conceito sobre dragão é o mesmo na oriental mitologia
quanto no maravilhoso mundo da antiga alquimia:
Nós, dragões, desempenhamos funções superiores e não baixaria.
Ocupamos, por isso, a mesma posição dos deuses... isto você jamais imaginara.
Praticamos sempre o bem, não praticamos o mal, isso jamais um de nós desejara,
Porém uma imagem falsa e negativa de nós o mundo ocidental de tal forma criara.
Não cabe a mim discutir com você como e o porquê que isto acontecera...
Fada Vermelha, livra-me, por favor, desta gripe que ao meu organismo acometera.
Na mesma hora a constipação da sábia fera por completo desaparecera.
CAPÍTULO SETE – SURGE SÃO JORGE
Tatsu, seu dragão, aqui quem fala é São Jorge, o seu algoz!
Não adianta fingir que não está aí, pois já ouvi a sua voz.
Anda! Saia! Vamos resolver de vez a eterna desavença que existe entre nós,
e assim que matá-lo, arrancarei a sua cabeça com minha espada e logo após.
Se você não vier aqui fora, não tem problema, irei até aí para buscá-lo!
Você já me conhece muito bem e sabe que eu cumpro o que falo.
Vamos! Venha cá pra fora! A sua covardia nesse momento não irá salvá-lo!
Vamos acabar com isto logo, porque estou ávido para derrotá-lo!
Aguarde-me! Já estou indo para aí, uma vez que você não quer sair!
É uma pena que será somente eu que irei exclusivamente assistir
a sua asquerosa criatura diante de mim piedosamente sucumbir.
Quando olha para a caverna, São Jorge vê uma luz vermelha intensa
sair da morada do dragão. Corajosamente o santo guerreiro pensa
somente em destruir o dragão para conseguir sua divina recompensa.
CAPÍTULO OITO – NÃO SOMOS MAL
Esse trem vermelho que eu pensei que era fogo antes de entrar, não é fogo, é bruxaria.
Que estória é esta, seu santo preconceituoso! Você já está me causando antipatia!
Isso que você disse é uma inverdade porque o termo correto é magia.
Ah, não! Nova entidade pagã do mundo da fantasia...
Vou aumentar ainda mais o seu muxoxo. Conosco também está um Grilo, um Grilo Falante.
Meu Deus! Sem querer acabo de entrar no abominável inferno de Dante
e o diabo aqui assume cada forma incrível, impressionante!
Fada Vermelha, Grilo que fala, talvez até de um dragão flamejante!
Bem que o seu Deus disse uma vez que vocês são homens de cabeças duras,
tudo que não conhecem e que existem, vocês creditam ao diabo; faz parte de suas culturas,
com isto às outras realidades são destinadas a elas as demoníacas venturas.
Eu sou uma fada, um ser criado pelo cosmo só para fazer o bem!
Não conheço outra força do que realizar apenas bondade a outrem,
então não é só você que foi criado para dar felicidade a terceiros, há outras além.
CAPÍTULO NOVE – EM NOME DO BEM
Apesar de nossas culturas serem diferentes, representamos à humanidades valores iguais.
Eu sou o dragão Tatsu e sou o sinônimo de dinamismo, bravura e liderança para os mortais,
sou símbolo de abundância e prosperidade ao meu povo... de algum mal, jamais!
Se quisesse lhe fazer alguma crueldade, já lhe teria feito, sou superior a você por demais.
Fugi da Terra para a Lua levando você magicamente comigo
porque o seu desejo cego e desumano em me matar colocava em perigo
toda a humanidade da Capadócia. Eu não sou o seu inimigo,
você é que deu asas a fofoca maldosa, não conseguindo separar o joio do trigo.
O quinto mandamento do decálogo transmitido a Moisés é: não matarás.
Lá não diz que poderá matar dragão, fada ou outro ser que você se julgar capaz.
O oitavo mandamento diz: ao teu próximo (que sou eu), falso testemunho não darás.
Dei-lhe exemplos concretos de que eu, dragão Totsu, não sou um ser maligno,
por isto você acha que me destruir então é um gesto de sua parte digno?
Como pode ser chamado de bem um ser que é capaz de matar outro ser benigno?
CAPÍTULO DEZ – APERTOS DE MÃOS
Por que você acha que estou aqui residindo neste fantástico Portal?
O Pinóquio sendo um boneco de madeira não tinha mente, logo capacidade cerebral,
daí eu surgi, uma vez que ganhou vida, para fazer o papel pra ele desse maquinário mortal
e com ele fiquei até que virou ser humano e passou a ter sua mente e alma afinal.
Insisto! Como o Pinóquio deixou de ser boneco e agora virou gente
Não precisava mais de mim. Agora ele tem o seu livre-arbítrio, é independente.
Eu não possuo nenhuma magia em relação aos habitantes daqui. Sou diferente
e na verdade sou tratado com muito respeito e carinho aqui por qualquer ser vivente...
Sabe por que pedi ajuda a querida Fada Vermelha? Por vocês dois preferirem esta cor;
Oferecendo vocês dois aquilo que gostam, estava dando uma demonstração de amor
e onde há amor a violência em hipótese alguma aparecerá, porque perderá o seu vigor.
Conscientemente convencido de que os três seres mágicos estavam certos,
São Jorge guarda suas armas e num gesto de amizade começam os apertos
De mãos entre os integrantes da estória. Agora sim: Dos males os dois mundos estão libertos.
(O FILHO DA POETISA)
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
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