quinta-feira, 24 de junho de 2010

ALTO PREÇO PELO PRESENTE

CAPÍTULO UM – PATINHAS ATADAS

A minha querida amiga Fada Azul que faz hoje aniversário.
Como posso concretizar o desejo de lhe dar um presente,
se não possuo magia, poderes ou se quer um salário?!
O que fazer? Por grande Zeus, que situação deprimente!

Queria, de coração, dar à ela um presente extraordinário,
Que de tão legal a deixasse assim tão feliz completamente.
Algo que habitasse bem lá no fundo do seu farto imaginário
e que fosse materializado por mim de forma surpreendente.

Insisto! Sem magia, sem grana e sem nenhum poder...
Agora, pessoal? O que é que eu posso realmente fazer
para tornar o aniversário da Fada Azul inesquecível?

Escrever poema? Faço isso para ela quase todo santo ano.
Quero fugir do convencional! Poesia não está no meu plano!
E agora? O que fazer para lhe dar um presente muito incrível?

CAPÍTULO DOIS - UM PROBLEMA DISFARÇADO DE SOLUÇÃO

Observando de longe o Grilo Falante com o seu problema,
Aproximou do inseto um homem estranho e desconhecido
que solucionaria de uma hora pra outra o terrível dilema
tirando do Grilo Falante o legítimo direito de ficar aborrecido.

Conta-me depressa, meu simples homem, qual é o esquema.
Anda! Fale logo! Não me deixa aqui totalmente aturdido!
Vamos! Deixe de suspense! Faça com que eu não tema
de passar vergonha diante de um ser por mim tão querido.

Faço qualquer coisa para sair dessa situação constrangedora...
Então ta! Já que é assim, assine este contrato para mim agora
e o presente da Fada Azul estará presente nas suas patinhas.

Você não vai ler o contrato? Digo sem nenhum medo, numa boa.
Para que ler, meu bom homem?! Não perderei meu tempo à-toa...
E lá foi o grilo pegando o contrato e assinando todas as linhas.

CAPÍTULO TRÊS - O PRESENTE

O Grilo Falante abre a caixinha. As patinhas eram uma só tremura.
Que lindo presente! Nunca tinha visto no mundo coisa igual!
Era uma caixinha de música com formato de circo em miniatura
e toca uma musiquinha linda, diferente, com um toque bem celestial.

Era só levantar a lona do circo que a musiquinha cheia de candura
tomava conta de todo ambiente de um jeito bem igual.
O presente tem um certo quê de uma charmosa formosura
e a amiga Fada Azul considerou-o um presente sensacional.

Fada Azul não aquentava mais dentro de si de contentamento.
Mostrava seu presente a qualquer um e a todo o momento,
com isso o Grilo Falante também era pura alegria.

A música que saía da caixinha era um estilizado Parabéns pra Você
a musiquinha ideal para aquele momento, fazer o quê
Enquanto isso cada vez mais o Grilo Falante se envaidecia.

CAPÍTULO QUATRO – O CARÍSSIMO PREÇO DO PRESENTE

Grilo Falante, vamos embora! Esse Portal não mais lhe pertence!
Você vai trabalhar para mim e não vai ganhar se quer um centavo.
Você, Grilo Falante, será do meu circo a principal atração circense;
ou seja, em relação a mim, será apenas o meu mais novo escravo.

Anda! Vamos embora! Disse o ex-homem bom super bravo.
Não adianta! Essa carinha de espanto não me convence.
A partir de hoje você é meu servo e sobre você eu cravo
todo o meu desejo de ficar absurdamente muito rico. Pense,

quem não pagaria no mundo dos para ouvir um Grilo Falante!
Ainda mais se esse grilo além de falar declama e escreve poesia.
Insisto! Uma atração dessa quem curiosamente não pagaria?!

Ganharei dinheiro igual água, pois quererão lhe ver muita gente.
Ficarei podre de rico por sua causa, pode sem susto apostar;
Aí sim, minha simples vida ficará bem mais atraente.

CAPÍTULO CINCO – O CONTRATO

Bem que eu falei para você ler o contrato antes de assinar,
mas você não me ouviu! Achou que eu estava brincando!
O tom foi de brincadeira para você mesmo não acreditar...
na minha ironia você acabou ingenuamente embarcando.


Caso você resolva o contrato assinado desrespeitar
será levado à suprema corte e lá lhe condenando,
ficará mesmo por lá na cadeia e por muito anos lá mofar,
sem dizer que o seu nome na lama estará morando.

Como você, humano, é maquiavélico! Vou lhe dizer a verdade!
Apesar de tudo posso lhe afirmar que o preço pode ser alto,
mas valeu a pena ver a Fada Azul na mais completa felicidade.

Posso pelo menos saber o nome do meu frigidíssimo algoz?!
Claro que sim! Disse o homem sem nenhum sobressalto.
para você, inseto falante, sou simplesmente o senhor Queirós.

CAPÍTULO SEIS – IRONIAS

Posso despedir das minhas amigas fadas daqui do Portal?
Felizmente não! Tempo é dinheiro! Precisamos mesmo ir;
Como lhe disse, você será a minha atração circense principal
e temos muitas coisas lá no circo sobre o seu show decidir.

Coisas pra discutir comigo?! Terei que fazer algo especial?
Não basta ficar conversando com a platéia e fazê-la sorrir?
Não banque o tolo, Grilo! Você terá um número sensacional...
temos que criar algo para o pessoal vir apenas para lhe assistir.

Espere aí! Não darei ideia alguma para o seu ganancioso projeto.
Como você mesmo disse: sou seu escravo e não estou no negócio,
logo não colaborarei com alguém que considero um ser abjeto.

Ora Grilo falante, não seja tão radical para cima de mim.
Encare a coisa por outro ângulo: você e meu preferido sócio
e na nossa relação comercial, o lucro fica cem por cento para mim.

CAPÍTULO SETE – A PIVÔ FADA AZUL

Vamos deixar de blá-blá-blá! Partamos já! Já passou da hora!
Tratarei como merece alguém com má vontade e colaborar não quer
Uai Grilo, que estória é essa! Parece que você está indo embora!
Vamos! Desembucha inseto! E quem é este senhor do seu lado?

Queirós é o nome dele. Que mistério todo é esse? Responda agora!
Alto lá, Fada Azul! O seu amigo tem um contrato comigo assinado
Que contrato é esse? Por que o Grilo o assinou? A fada se apavora.
O Grilo deixa tudo para a Fada Azul o caso muito bem explicado...

Ao saber que fora o pivô da estória, a Fada Azul cai em pranto.
Grilo! Grilo! Por que você fez isso? Juro por tudo que não precisava!
Quando a gente tem no coração um ser a qual amamos tanto, tanto,

jamais queremos que o ser amado faça por nós qualquer sacrifício.
Só de você estar presente no meu aniversário para mim bastava,
sentiria feliz. Garanto-lhe que isto não seria pra você algo difícil.

CAPÍTULO OITO – A NEGOCIAÇÃO

Senhor Queirós, por tudo que é mais sagrado! Desconsidere essa situação!
Para que você não fique no prejuízo lhe considerarei apenas um desejo,
assim o Grilo Falante não seguirá o triste caminho horrendo da escravidão
e o senhor pode pedir até aquele que no fundo do seu âmago lhe causa pejo.

Espera um pouco! Você não é minha fada-madrinha, Fada Azul! Sei não...
Tenho medo de que você esteja fazendo comigo algum tipo de gracejo.
Senhor Queirós, tirar o meu amigo dessa enrascada; esta é a minha intenção,
como posso estar blefando se outra saída para este caso ainda eu não vejo?!

Eh, você está certa! Sou o dono absoluto dessa situação, de fato!
Quero muito, muito dinheiro! Quero em euros. Quantia? Um bilhão!
Sem problemas! Mas antes quero ver se o senhor está com o contrato.

Por quê? Na hora que você receber a grana, passará o contrato para mim.
Rasgarei o contrato; eu e mais o Grilo Falante iremos embora então,
enquanto que você poderá gastar o dinheiro com o que estiver a fim.

CAPÍTULO NOVE – FIM DO CONTRATO

Queirós concorda com o argumento da fada. Achou-o bastante coerente.
Ainda desconfiado, Queirós tira do bolso o contrato e o mantém longe da fada.
E como dizia o poeta Vinícius de Moraes... “de repente, não mais que de repente”
aparece um fortíssimo redemoinho como se surgisse assim magicamente do nada.

O forte redemoinho cega o humano e Queirós libera o contrato desesperadamente.
O contrato vai subindo em direção ao infinito, novamente de forma inexplicada.
Queirós sentindo que tem coisa de magia acontecendo grita neuroticamente:
Fada Azul! Sua mentirosa! Traidora! Ordinária!Trambiqueira! Dissimulada!

Eu pensando que fadas só tem boas qualidades! Enganei-me redondamente!
Hoje não dá confiar em ninguém! Ninguém mesmo! Nem mesmo em fada!
Deve ser consequencia de um mundo globalizado em que estamos, infelizmente!

Espere um momento, senhor Queirós! Você está enganado de novo!
Não fui eu que fiz o redemoinho. Você tem uma falta de sorte danada.
Eu não sei de que maneira a minha verdadeira verdade lhe provo.

CAPÍTULO DEZ – O DEUS DO VENTO

Não precisa provar nada, Fada azul! Deixe!Eu mesmo me apresento.
Queirós, as fadas continuam sendo criaturas do bem como no passado.
Os gregos antigos me chamam de Eolos, o grande deus do vento...
Estou aqui para evitar que o mal vença, que este seja recompensado.

Uma das brisas daqui do Portal dos Sonhos e Magia foi ao meu aposento
deu-me rapidamente o seguinte recado que me deixou de fato intrigado.
Grilo Falante naquele instante estava passando por um difícil momento.
Grilo Falante mesmo, aquele inseto que é do deus Febo/Apolo o afilhado.

Resolvi então intervir no caso e ajudar o protegido do deus Febo/Apolo.
Quando apareci, você (Fada Azul) e Queirós estavam falando do contrato.
Unindo a conversa de vocês com o fatídico papel aqui dentro do meu miolo

Deduzi que a causa de todo o mal estava naquele tão falado documento,
portanto mandei na hora aquele fortíssimo redemoinho e um pequeno jato
de areia nos olhos do mortal e o vento dando ao contrato desaparecimento.

CAPÍTULO ONZE - TUDO ACABADO

Agora o Grilo Falante está livre da chantagem daquele ser humano
e você, Fada Azul, não precisa premiar o mortal que age com maldade
porque se Queirós conseguisse o que queria com o seu terrível plano
com o trabalho do Grilo Falante ou sua magia seria uma cruel fatalidade.

Pronto! Tudo acabado! Chegou ao fim esse tipo de comportamento leviano
e o mortal tem que ser punido exemplarmente para que a humanidade
não venha copiar esse maldoso modelo enraizado no seu cotidiano
tornando a vida na Terra sinônimo claríssimo de intranqüilidade.

Infeliz Mortal! Não adianta posar de inocente agora e fingir-se
de coitadinho. Seu castigo já foi por mim definitivamente decidido.
Como queria enriquecer através de um circo, você será entregue a deusa Circe

Deusa que tem como característica de transformar humanos em animais
Como você queria tirar proveito de um pequenino animal que é querido
pelos deuses gregos, acredito que no seu caso estou sendo justo até demais.
(O FILHO DA POETISA)

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